sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Um milagre em Lisboa...

Nasceram. Do que dependia da esfera do humano, haveria poucas probabilidades para o seu nascimento. Mas nasceram. Têm 26 semanas e quatro dias. Medem pouco mais do que a mão de um adulto e pesam muito menos do que os ingredientes necessários para a receita de um bolo. Não têm a volumetria própria dos humanos com 36 semanas mas, fisicamente, são perfeitas. A mãe, quando as visitou pela primeira vez, soube dizer os seus nomes, a partir da relação que as três foram travando ao longo das semanas que partilharam o mesmo corpo, nessa absoluta intimidade de amor. Deixei-as, na tranquilidade do sono, uma hora depois do seu nascimento. A vida já me fez muitas perguntas, para as quais, ainda procuro respostas. Desta vez, porém, quem me interrogou, violentamente foi o «Céu». Dois seres humanos, sós, absurdamente sós, apenas com 26 semanas, travam no silêncio, o mais sublime diálogo com a Vida: «o que farás Eternidade com cada minuto da nossa existência?».

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