Nasceram. Do que
dependia da esfera do humano, haveria poucas probabilidades para o seu nascimento.
Mas nasceram. Têm 26 semanas e quatro dias. Medem pouco mais do que a mão de um
adulto e pesam muito menos do que os ingredientes necessários para a receita de
um bolo. Não têm a volumetria própria dos humanos com 36 semanas mas,
fisicamente, são perfeitas. A mãe, quando as visitou pela primeira vez, soube
dizer os seus nomes, a partir da relação que as três foram travando ao longo das semanas que partilharam o mesmo corpo, nessa
absoluta intimidade de amor. Deixei-as, na tranquilidade do sono, uma hora
depois do seu nascimento. A vida já me fez muitas perguntas, para as quais,
ainda procuro respostas. Desta vez, porém, quem me interrogou, violentamente
foi o «Céu». Dois seres humanos, sós, absurdamente sós, apenas com 26 semanas,
travam no silêncio, o mais sublime diálogo com a Vida: «o que farás Eternidade
com cada minuto da nossa existência?».
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