domingo, 7 de setembro de 2014

A luz de Lisboa

A luz vinha devagar 
Através do firmamento...
Vinha e ficava no ar,
Parada por um momento,
A ver a terra passar
No seu térreo movimento.
(...)
Mas a luz podia mais,
Voava mais do que a vela;
E o Tejo e os areais
Tingiam-se dos sinais
De uma doença amarela.
Ardia em brasa o Castelo,
Tinha febre o casario;
Cada vez mais nosso e belo,
O profeta do Restelo
Punha as sombras num navio...
(...)

Miguel Torga 

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